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terça-feira, 1 de setembro de 2009

WELCOME TO THE JUNGLE



Welcome to the jungle
It gets worse here everyday
Ya learn ta live like an animal
In the jungle where we play

Trecho da música Welcome to the jungle, de Guns ‘n Roses


Yes, nós vivemos na selva. Uma selva de concreto, é verdade, em que os homens têm o rei na barriga e menosprezam seus súditos. Vivemos uma ilusão. Um teatro, onde são encenadas as tragédias e comédias do espetáculo que denominamos “vida”. Todo o cenário foi construído por nós. Máscaras e fantasias idem. Abrem-se as cortinas e o que vemos ali? Atores prontos para a batalha das ruas, para a mesmice do dia-a-dia. Preste atenção no mordomo. Nesta peça, os amigos se tornam inimigos com um simples desentendimento, atacando pelas costas sem pensar duas vezes.

Há quem se revolte com tudo isso, como o jovem americano Christopher McCandless (Emile Hirsch). Cansado do artificialismo da sociedade, ele se lançou na natureza selvagem a fim de reencontrar a essência da vida. Sua história virou livro e o livro virou filme. No Brasil, recebeu o título Na natureza selvagem (Into the wild, no original). Após uma discreta aparição nos cinemas, foi lançado em DVD em meados de 2008 e esgotou rapidamente. Eu mesmo tive que esperar a reposição, que demorou um pouquinho para acontecer. Mas a espera valeu a pena.



O filme trata do desafio de sobreviver em um mundo que já não nos pertence mais. Christopher assume o pseudônimo Alex Supertramp (Superandarilho) e cai na estrada com o objetivo de viver um tempo no Alasca. Ele quer se livrar da selva de concreto e conhecer a selva real. É o superlativo da casa de campo; a hipérbole da excursão pelo deserto do Atacama. Christopher quer ir a fundo naquilo que acredita ser a realidade. O resultado é uma overdose de natureza. Infelizmente, assim como numa overdose de drogas, seu corpo não aguenta e desfalece.

Fica claro que não estamos mais preparados para enfrentar o mundo selvagem. Fomos condenados a viver eternamente dentro de nossa colônia – o formigueiro conhecido como “sociedade”.



O filme é lindo em muitos sentidos: na proposta de um novo estilo de vida (ou seria “novo sentido para a vida”?); nas imagens, repletas de belas paisagens; na ótima direção de Sean Penn, que transmite muito bem os diversos momentos da narrativa, tais como a angústia dos pais e o êxtase do filho; e na trilha sonora, assinada por Eddie Vedder (sim, ele mesmo, líder do Pearl Jam), que acrescenta o espírito perfeito ao corpo do filme. Em outras palavras, não faltam motivos para explorar essa obra. Garanta suas passagens!