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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

TEM HISTÓRIA PARA TODOS



O bate-papo de ontem com Laurentino Gomes, na FNAC de Pinheiros, foi bastante revelador. Por um lado, pela deliciosa aula de história brasileira, como jamais tinha experimentado antes. Por outro, pelo posicionamento editorial do autor que, muito bem definido, classifica seus livros 1808 e 1822 como “jornalísticos”, pois têm o objetivo de divulgar ao público geral o conhecimento produzido nas universidades. Em suas palavras: “Faço pela história do Brasil o que o Dr. Dráuzio Varella faz pela medicina e Marcelo Gleiser pela astrofísica”.

Destaco isso porque o primeiro deles, 1808, foi visto com desconfiança na ocasião de seu lançamento, há 3 anos. Os historiadores, por exemplo, tiveram receio da competição e da banalização de seu trabalho. Porém não demoraram a perceber que a proposta de Laurentino não diminuía a importância das pesquisas científicas e tampouco roubava seus créditos, apenas as tornava mais acessíveis: “A história que eu escrevi já estava contada. A novidade é a linguagem, que a leva a um público maior”.

Como explicou o autor, a produção acadêmica está cada vez mais técnica e especializada. Se o jornalista, com visão ampla e liberdade de linguagem, consegue traduzir aquele conhecimento aos não-iniciados, acaba gerando interesse em assuntos até então fadados às aulas do colégio ou às revistas científicas.

Os livros de Laurentino Gomes transformaram a história do Brasil num fenômeno. Conquistaram o aval dos especialistas e a simpatia do leitor comum, sendo até mesmo utilizados como referência nas escolas. Também venderam muito bem em Portugal, “porque os portugueses têm curiosidade de saber como a ex-colônia conta sua história”. Proporcionalmente ao número de habitantes, 1808 vendeu mais lá do que aqui.

Se existe segredo para o sucesso, Laurentino não pretende guardá-lo para si. Entre as muitas dicas que deu, explicou que um jornalista com pretensões semelhantes às suas precisa pesquisar muito, respeitar as fontes, não confundir ficção com não-ficção e trabalhar junto com um orientador acadêmico, que tem conhecimento apropriado para analisar, criticar e comentar fatos específicos. No meio do papo, Laurentino ri. “Meu orientador corrigiu erros que teriam destruído minha reputação”.

Saí de lá mais do que satisfeito. Além das informações sobre a produção do livro, também ganhei autógrafos em minhas edições de 1808 e 1822. Agora, resta aguardar o último volume daquilo que o autor chamou de “trilogia da história brasileira do século XIX”. O livro, que se chamará 1889, abrangerá o governo de Dom Pedro II até a proclamação da república – um período extenso e repleto de acontecimentos relevantes.

As pesquisas já foram iniciadas. Tomando a mim mesmo como exemplo, imagino que os fãs mal podem esperar o fim desse intervalo para curtir mais uma instigante aula de história.

Site oficial do autor: www.laurentinogomes.com.br