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sexta-feira, 26 de julho de 2013

DISSOLUÇÃO: NOVA EXPOSIÇÃO DE FELIPE GÓES EM GUARULHOS

Eis o convite para a abertura de mais um trabalho que realizei em parceria com o artista Felipe Góes. Quem puder comparecer será muito bem vindo. Quem não puder, dê uma passada depois, ficou bem bacana.
Por fim, abaixo do convite há uma breve leitura das obras expostas, escolhidas porque evidenciam uma questão muito presente no trabalho do artista e, de certo modo, no pensamento artístico contemporâneo.
Clique na imagem para ampliá-la.


Certa vez, Felipe Góes contou que quatro vacas se materializaram em uma de suas telas, o que sugeria um pasto no lugar da grande mancha verde que já estava pintada. Uma delas sumiu logo, a segunda demorou mais, a terceira e a quarta se foram em seus próprios tempos. Nenhuma vaca restara quando o artista deu a obra por terminada; tampouco o pasto permanecera o mesmo – podia ser um brejo, um lago, um acúmulo de tinta. Não se tinha certeza de mais nada. Exceto de que havia ali um complexo registro de intenções.

Porque o pensamento do artista se manifesta na tela, faz-se e se desfaz a todo instante entre as pinceladas. Não parte de um projeto já estruturado, não tem uma ideia pré-concebida que deseja traduzir em pintura. Tudo se processa no gesto poético, no ato criador da prática artística. Linhas de força, manchas de expressão, camadas de sentimentos: anseios, vontades, rancores, arrependimentos, ilusões, desapontamentos, alegrias, ambiguidades... O assunto se transforma, ganha corpo e se dissolve diante dos olhos para reaparecer adiante, não exatamente igual nem completamente diverso, implicado na matéria pictórica – ou desaparece sem voltar jamais. Assim se realiza o processo criativo de Felipe Góes.

Quando sabemos disso, fica evidente que esta forma apresentada pela pintura é, dos embates vividos, apenas uma etapa que o artista decidiu preservar. Tal suposto inacabamento, por sua vez, inspira a vontade criativa de quem entra em contato com a obra e passa, a partir dela, a criar suas próprias imagens, a inventar suas próprias histórias, a dar continuidade àquele pensamento em constante devir.


Algumas das ideias acima estão desenvolvidas num texto complementar, que você lê aqui: Pensamento em Devir