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terça-feira, 12 de setembro de 2017

NOTA SOBRE O ENCERRAMENTO DA EXPOSIÇÃO QUEERMUSEU

Triste (e preocupante) esse recuo do Santander Cultural (RS), que decidiu encerrar a exposição Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira. Em primeiro lugar porque o tema é relevante, atual, urgente. Depois, porque é próprio da arte o lugar de provocação, contestação, inquietação. Se você fecha os olhos (e as portas) para essas questões, apenas reitera a ignorância nossa de cada dia. Isso tudo está além de concordar ou não, de apoiar esta ou aquela causa. A posição assumida pela instituição é, simplesmente, tornar inacessível um espaço de discussão que tinha tudo para ser promissor, dando ouvidos a clamores que não querem discutir nada, e que se escondem sob a desculpa da "ofensa" e da "moral".

Ao dar ouvidos a grupos reacionários (e pedir desculpas a eles!), o Santander Cultural tenta escapar de boicotes ao banco Santander. Explicita, assim, um dos problemas graves da instituição privada: ela tenderá sempre a moldar seus valores nos valores do capital. É, por isso, incapaz de atuar em âmbitos da cultura que sustentam minorias, oposições, insurgências.

Se o Santander Cultural prefere ficar ao lado dos censores, é porque estes são a maioria ou porque falam mais alto. Se os insurgentes fossem maioria, se tivessem voz, o banco ficaria com eles. É dessa maneira pervertida que se organiza a sua ética.

Pois ficou decidido que uns não serão ofendidos agora, enquanto outros continuarão ofendidos como sempre foram. Esse é o lugar que o Santander Cultural lhes concede; um lugar em que a diferença, para variar, não pode entrar. Triste. E preocupante.

Cabeça coletiva, de Lygia Clark.
Um dos trabalhos que faziam parte da exposição
Eis a nota divulgada pelo Santander Cultural, justificando o encerramento da exposição:

"Nos últimos dias, recebemos diversas manifestações críticas sobre a exposição Queermuseu - Cartografias da diferença na Arte Brasileira. Pedimos sinceras desculpas a todos os que se sentiram ofendidos por alguma obra que fazia parte da mostra.

O objetivo do Santander Cultural é incentivar as artes e promover o debate sobre as grandes questões do mundo contemporâneo, e não gerar qualquer tipo de desrespeito e discórdia. Nosso papel, como um espaço cultural, é dar luz ao trabalho de curadores e artistas brasileiros para gerar reflexão. Sempre fazemos isso sem interferir no conteúdo para preservar a independência dos autores, e essa tem sido a maneira mais eficaz de levar ao público um trabalho inovador e de qualidade.

Desta vez, no entanto, ouvimos as manifestações e entendemos que algumas das obras da exposição Queermuseu desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão de mundo. Quando a arte não é capaz de gerar inclusão e reflexão positiva, perde seu propósito maior, que é elevar a condição humana.

O Santander Cultural não chancela um tipo de arte, mas sim a arte na sua pluralidade, alicerçada no profundo respeito que temos por cada indivíduo. Por essa razão, decidimos encerrar a mostra neste domingo, 10/09. Garantimos, no entanto, que seguimos comprometidos com a promoção do debate sobre diversidade e outros grandes temas contemporâneos."

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

POR QUE A LUA BRILHA: IMPRESSÕES DE LEITURA

Quando escritores que admiro fazem comentários elogiosos sobre meu livro, deixo a modéstia de lado e compartilho a alegria com vocês. Obrigado pelas palavras, pessoal.

Terminei aqui a leitura deste "mimo" de livro "Por que a lua brilha" , do Eduardo A. A. Almeida. Belíssima edição artesanal (numerada - costurada à mão), que traz, numa linguagem apurada, metáforas análogas à nossa vida, mostrando imposições subjetivas que nos influenciam como verdades sociais, em referencias à política, aos comportamentos autoritários e opressivos impostos sem que percebamos. Indico a leitura. É belo, original e reflexivo, portanto, relevante.

Marcelo Nocelli (editora Reformatório)


"Por que a lua brilha" é um ensaio ficcional excelente. Me diverti muito lendo essa deliciosa reflexão sobre as estrelas. É um texto irônico e sensível, até comovente, em certas passagens (amei a menina das lágrimas de cristal).
Este ensaio ficcional aproxima você de outros autores interessantes, que curtem o gênero. Por exemplo, o Italo Calvino de "As cidade invisíveis".
E o projeto gráfico também ficou muito gracioso. O livrinho é um mimo.
Você acertou na mosca, ao recusar o formato do conto e abraçar o da reflexão criativa. Quem nos dera as teses e dissertações da Academia fossem assim: inventivas.

Nelson de Oliveira (escritor, ilustrador e professor)



Gostou? A versão impressa do livro está esgotada, mas você pode clicar aqui e adquirir o ebook na Amazon

domingo, 20 de agosto de 2017

QUEM É RAFAEL BRAGA?

Foi com descrença que descobri a exposição OSSO, em cartaz no Instituto Tomie Ohtake até pouco tempo atrás. O subtítulo deveria ser autoexplicativo: exposição-apelo ao amplo direito de defesa de Rafael Braga. Digo “deveria ser” porque, de fato, pouca gente sabe de quem se trata, pouca gente sabia e, dada a minha descrença geral, penso que pouca gente saberá, apesar de toda a mobilização social dos anos passados. Pouca gente sabe ou pouca gente se importa? Como anunciou o apresentador da Band News FM na noite em que se organizou uma manifestação na Avenida Paulista, havia ali um grupo de pessoas reivindicando a libertação de algum presidiário, que ele, jornalista, não fez questão de conhecer. A notícia dizia que, somada à chuva e ao frio, a manifestação atrapalhava o trânsito na cidade. Um problema que afeta a vida de muitos, compreende? Pois só no último mês, em São Paulo, houve a exposição de 29 artistas, houve a manifestação popular, houve debates naquele mesmo instituto e oficinas de cartazes no CDP Pinheiros III, além de diversas outras movimentações no restante do país. Mas quem é mesmo Rafael Braga?

Mais informações em:
libertemrafaelbraga.wordpress.com
Conhecemos, no máximo, a sua condição por “ouvir dizer”. Trata-se do único jovem detido e condenado durante as manifestações de 2013. O crime: portar um frasco de desinfetante e outro de água sanitária no ato da abordagem policial. Materiais inflamáveis usados para produzir explosivos, segundo a acusação. O que transforma todos nós em terroristas potenciais, e todo supermercado num paiol. Quatro anos e oito meses de reclusão.

Em dezembro de 2015, Rafael Braga recebeu tornozeleira eletrônica e passou ao regime aberto. Trabalhava como auxiliar de serviços gerais quando foi detido outra vez, flagrado com maconha e cocaína. A vítima nega as acusações e afirma ter sofrido extorsão, espancamento, entre outras violências nunca investigadas. As únicas testemunhas foram, claro, os policiais que o detiveram. Que poderiam ser também seus algozes, se o rapaz fosse ouvido. 11 anos e 3 meses de prisão por associação com o tráfico de drogas.

Será inocente? Se for culpado, seria o sistema carcerário uma boa solução? Enquanto cidadãos preocupados com a sociedade, estas são perguntas que devemos fazer sempre. Temos a quarta maior população carcerária do mundo. Se a situação só piora, algo precisa ser revisto.

Muita gente compra drogas ilícitas cotidianamente. Autoridades abusam do seu poder e praticam violências cotidianamente. Mas quem está preso é Rafael Braga: jovem, negro e pobre. Desde 2013, nós continuamos com os nossos afazeres cotidianos. Inclusive, muito preocupados com o congestionamento nas noites chuvosas.

A exposição OSSO, as manifestações e as demais atividades de mobilização não têm como exigir a soltura de Rafael Braga. O que podem fazer, fizeram e ainda fazem, é reivindicar para ele o mesmo tratamento dado a qualquer outro cidadão, nem mais nem menos. Algo, em tese, tão simples, mas em que é difícil acreditar. Por quê?

Foi bonito ver a FLIP deste ano dar voz a escritores negros e a causas menores. (Menores não porque são menos importantes, pelo contrário; elas têm menor representação política que defenda seus direitos.) Mais da metade da população do Brasil é negra ou parda, entretanto a plateia em Paraty era majoritariamente branca. Um evento cultural elitista, sem dúvida, que serve de ilustração às nossas desigualdades sociais.

Os meios de comunicação apenas reiteram a falsa soberania branca. Assim como faz o descaso das autoridades, com a falta de políticas públicas igualitárias. Compartilhamos nas redes sociais cada bobagem do Trump sobre racismo. Por que não defendemos com o mesmo afinco a demarcação das terras indígenas e quilombolas? Assunto que diz respeito à economia, à causa social, à história e à cultura do nosso país, mas que é menosprezado como caso de invasão de propriedade. De fato, existe invasão e apropriação de terras desde 1500. Crimes cometidos pelo Estado que até hoje não conseguimos resolver.

Não faz muito tempo, o telejornal local cobria a libertação de reféns durante assalto a uma agência dos Correios. Aconteceu perto de casa, fiquei assistindo. As imagens eram transmitidas ao vivo. A primeira refém liberada foi uma mulher. Ela saiu pela porta da frente, o soldado das operações especiais foi até lá e a escoltou para um local seguro. O segundo refém foi um oriental. O agente cumpriu o mesmo procedimento. O terceiro refém era negro. O agente foi até ele, mandou-o encostar as mãos na parede, revistou-o e o liberou. Tenho certeza de que a maioria assistiu à cena sem perceber nada anormal. Eu não tive como. Desliguei a TV.

Nossa subjetividade vai sendo domesticada, ao ponto de não ver com o mínimo discernimento. É por isso que quem não se identifica nessa ou naquela minoria tem condição de dizer como é, o que deve ser feito, quais são os problemas reais. Cotas, demarcação de terras, assédio, preconceito, violências diversas. Eu não tenho a menor condição de dizer. Quero conhecer, ouvir, pensar junto. Quero defender o direito de o outro falar e ter o seu amplo direito de defesa garantido. Porém jamais posso dizer em seu lugar. Porque falarei bobagem, cometerei injustiça e exporei todos os preconceitos subjetivados. Não quero dar vazão aos preconceitos, mas a cultura me educou assim. Como posso evitar? É um esforço fadado ao fracasso. Que não por isso deve ser abandonado.

Tolo é quem pensa que a discriminação é problema dos outros. É um problema de todos os brasileiros, possivelmente o mais grave. Discriminação social, racial, regional, de gênero etc. E sobre nós incidem as consequências. Se de alguma maneira todos fazemos parte de uma minoria, também é fato que somente algumas estão fragilizadas e sofrem ameaças perigosas. É delas que devemos cuidar. Não por favor ou misericórdia; é obrigação civil.

Minha descrença na situação do país vem acompanhada de desânimo e inércia. Por sorte a arte, as organizações sociais e os gestos singulares podem, cada um à sua maneira, mudar o que vemos e o que educa o nosso olhar. Podem provocar o pensamento, o corpo, os desejos. Transformar inércia em conhecimento, conhecimento em indignação, indignação em ação. Isso tem pouco a ver com acreditar ou desacreditar; isso é da ordem do fazer.

Aplausos para quem faz.

Rafael Braga somos nós.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

COMO CURAR O INVISÍVEL?

Todos estão convidadíssimos para este encontro no próximo 10 de agosto. Estarei junto com gente muito bacana a discutir curadoria, arte, visibilidades e invisibilidades. Não precisa se inscrever, é só aparecer no MAC/USP, no Ibirapuera, às 14h. Vamos! Vamos! :D



II Seminário de Pesquisa Poéticas e Políticas do Sensível

O que as imagens artísticas dão a ver? Como organizar esse campo visível? Quais dizíveis são possíveis de enunciar a partir dele? O que permanece não visto e não dito? As imagens da arte teriam força para expor o que ainda não se pode pensar?

As narrativas da história da arte e da curadoria quase sempre fundamentam ordens discursivas sobre o que é visto e exposto, as quais provocam modos de ver, pensar e dizer. Por sua vez, poderíamos fazer história e curadoria do que não está dado a ver?

Este seminário de pesquisa parte de uma desconfiança das certezas pautadas na ordem do visível e deseja mobilizar uma troca de conhecimento sobre incertezas, lacunas e invisibilidades das artes visuais.

Abertura e coordenação da mesa:
Dra. Eliane D. Castro (PGEHA/USP)

Convidados:
Dra. Galciani Neves (FAAP)
Felipe Góes (artista)

Palestrantes do GEPPPS/PGEHA:
Gisele D. Asanuma
Eduardo A. A. Almeida

INSCRIÇÕES NO DIA DO EVENTO
10 de agosto de 2017, das 14h às 17h
Museu de Arte Contemporânea da USP
Av. Pedro Álvares Cabral, 1301, Ibirapuera

Organização:
Grupo de Estudo e Pesquisa das Poéticas e Políticas do Sensível (GEPPPS)

Realização:
Programa Interunidades de Pós-Graduação em Estética e História da Arte (PGEHA/USP)

domingo, 23 de julho de 2017

A VIOLÊNCIA DO BANAL

Um sobrevivente de Auschwitz retorna, já velhinho, ao campo de extermínio onde perdeu quase toda a família. Chega acompanhado de sua filha e três netos adultos. Eu os vejo e espero o momento da comoção. A música triste, as frases de efeito sobre violência, opressão e fragilidade da vida. Nada disso acontece. O que ouço são as notas iniciais da animada I Will Survive, trilha sonora de qualquer festa de formatura ou casamento. O velhinho judeu não chora, ele dança; a família acompanha seus passos desengonçados. É bizarro. Difícil segurar o riso. Por que eu deveria segurar? Que sentimento é esse que me proíbe rir de Auschwitz?



O vídeo está disponível no Youtube sob o título de I Will Survive Auschwitz. Eu o assisti durante a palestra de Gonçalo M. Tavares na Unibes Cultural, centro de iniciativa judaica em São Paulo. O escritor é um dos meus contemporâneos favoritos, em especial pelo que pensa da literatura. Naquela ocasião, defendeu que uma das piores violências contra a realidade é o banal. Eu concordo. E acredito que a literatura, o cinema, as artes em geral têm o seu mérito quando conseguem romper essa banalização.

Veja bem, não se trata de chamar atenção para a banalização da violência, o que em si já é interessante. Trata-se de questionar uma violência de outra ordem, tão sutil e próxima que é difícil notá-la: uma espécie de corrupção da potência do vivo pelo banal.

Quem a combate é a arte que subverte o já visto, que já é conhecido e esperado, e que eventualmente emociona, tal como seriam as belas palavras embaladas pela música triste em Auschwitz, a acompanharem o retorno de um velho sobrevivente. Tal apresentação seria de fato tocante, como tantas outras que nos puseram a pensar e chorar. Esse pressuposto nos violenta. Porque conduz o olhar, as expectativas, as compreensões de mundo. Ele reitera o senso comum sobre como as coisas devem ser. Enquanto eu quero acreditar que a arte é capaz de questionar esse banal e sugerir a invenção de como as coisas podem ser.

O pressuposto mantém a todos num mesmo conjunto de referências, sentimentos e lógicas. Uma circularidade que não escapa da ordem estabelecida e não deixa conhecer possibilidades outras. Sufoca a chama da vida, que não quer amansar, não quer ser morna; ela quer arder, queimar, transformar. Um ímpeto criativo que sobrevive em algum canto do ser. A violência não está em perturbar a solenidade dos mortos. Está na solenidade que impede dançar.



Descobri depois, no breve documentário Dancing Auschwitz, que aquele velhinho se chama Adolek Kohn. Ele decidira casar com uma moça em questão de horas para que ela pudesse fugir da guerra. A viagem os levou ao campo de extermínio. Ambos sobreviveram. Mudaram-se para a Austrália em 1949. Na ocasião em que se produzia o documentário, em 2012, eles continuavam casados. Adolek completava 90 anos. Ainda tinha coragem, e é preciso muita coragem, para falar em destino. Tinha coragem para voltar ao inferno e dançar. Ele explica que, “se você dança pela criação da vida, pode dançar em qualquer lugar, mesmo em Auschwitz”.

Minha primeira reação à dança foi de repúdio. Um absurdo! Segundos depois, eu percebi que havia naquilo algo de interessante. Na metade do vídeo, eu sorria e chorava ao mesmo tempo. Isso tudo me causou um grande incômodo. Sinceramente, gosto da arte que não oferece conforto, embora não seja prudente generalizar. Para mim, a poesia está no que desloca o senso comum, inquieta o corpo, “sabota a realidade”, como disse Tavares.

Não existe fórmula. Um trabalho poético pode provocar reações diversas em uma pessoa e absolutamente nenhuma reação em outra. É por isso que não existe arte melhor ou pior em si mesma; a crítica se faz sempre numa relação com o outro, com o contexto, com quaisquer que sejam os parâmetros.

A violência implícita na arte que conforta é similar a das notícias prontas, do corpo esculpido na capa da revista, da propaganda que afirma como ser e do que gostar, do manual de política, da indústria cultural que subestima o espectador, que pensa conhecer seu gosto e para se identificar com ele reproduz o que já viu inúmeras vezes antes. As mesmas situações com os mesmos personagens, o mesmo ângulo, as mesmas risadas gravadas, a mesma música eletrizante nas perseguições de carro. As mesmas capotagens e explosões, os mesmos diálogos, os mesmos conflitos, o herói a salvar o mesmo mundo, a mocinha apaixonada pelos mesmos motivos. Assim os preconceitos, os pressupostos e os estereótipos persistem. Assim a violência se impregna, passa despercebida, convida para um pouquinho mais. Violência do prazer vendido como produto ou que requer um produto para acontecer. Violência contra a potência criativa da vida, mantendo-a estática, aborrecida, neurótica.

O entretenimento é quase sempre a domesticação do olhar, do pensar e do dizer. Não creio que deva ser banido, afinal é impossível viver o tempo inteiro no caos da criação. Mas é preciso cuidado com a maneira como o banal educa: pela via do clichê, do hegemônico, da verdade fabricada e pronta para o consumo.

Estamos cansados de viver a banalização da violência. Que são os abusos de autoridade, a corrupção na política, a seca no Nordeste, a apropriação das terras pelos latifundiários, a redução dos direitos do cidadão, a precarização da pesquisa e do ensino, enfim, as misérias todas do pão. Já a violência do banal é da ordem do circo. É aceitar o conforto e reprimir o próprio ímpeto. Ignorar toda espécie de diferença que a vida produz. Desnutrir a potência de si e do outro.

Se não é possível escapar de vez, vale experimentar desvios ocasionais. Afastar-se, produzir e sustentar distanciamentos, habitar o ambíguo, permitir que o outro permeie e transforme o eu. Fazer algo verdadeiramente inútil e inexplicável. Criar tensão quando todos sorriem. Dançar quando todos choram.

Ps.: A poesia implica também uma espécie de violência, que é própria da criação, do nascimento e do aprendizado, mas essa discussão fica para outro dia.