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terça-feira, 2 de abril de 2013

AOS VINTE E TANTOS

Li o poema abaixo e o adorei de imediato. Li e reli uma dezena de vezes então. Só depois percebi que renderia um ótimo pensamento para este meu dia de aniversário.

Penso nos milhares de sonhos que gostaria de já ter realizado com 29 anos. Penso que o tempo é curto demais para tanto.

Penso também que não quero envelhecer, não quero ser envelhecido, não quero pessoas que me envelheçam. Quero, ao contrário, somente a companhia de quem me faz crescer; todos os outros estão dispensados, podem voltar para a salmoura do dia a dia, o vazio do egoísmo, o subterrâneo da ética e da fé.

Penso nos milhares de sonhos acumulados, nos lugares a conhecer, nas obras a construir, nas descobertas a fazer. Penso nos 29 anos, tão fugidios! Penso demais, talvez.

Tenho meu próprio tempo. O tempo de uma vida pela frente.

Quando?

Agora.

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os dentes afiados da vida
preferem a carne
na mais tenra infância
quando
as mordidas doem mais
e deixam cicatrizes indeléveis
quando
o sabor da carne
ainda não foi estragado
pela salmoura do dia a dia

é quando
ainda se chora
é quando
ainda se revolta
é quando
ainda

Paulo Leminski, em Quarenta clics em Curitiba
(1976, aos 32 anos de idade)