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terça-feira, 13 de abril de 2010

DR. SARKOZY


Cena clássica do filme Dr. Estranho (1964), de Stanley Kubrick (nome original_e muito mais legal_: Dr. Strangelove or: How I learned to stop worring and love the bomb)

Ontem, o presidente francês Nicolas Sarkozy disse que a França não irá abrir mão das armas nucleares, pois isso poderia enfraquecer a segurança do país. Segundo ele, o mundo ainda não é um lugar suficientemente seguro para que tal atitude seja tomada.

Agora eu pergunto: quando o mundo será considerado seguro, se os amedrontados continuam empunhando armas, tremendo da cabeça aos pés, com o dedo no gatilho?

Com medo de atentados, todos acabam se tornando potencialmente terroristas.

Leia a matéria completa: G1

sábado, 10 de abril de 2010

SOBRA INOCÊNCIA NO JARDIM DAS DELÍCIAS



É muito gostoso reviver a juventude e perceber que ela não deixou de existir simplesmente porque a gente cresceu. Quem me diz isso é Tiê, com sua voz doce e sonhadora, ao som de um violão dedilhado com carinho.

Há muita ingenuidade em seu jardim, daquela ingenuidade gostosa de quem descobre o mundo com brilho no olhar. Há doçura, daquela que transforma a vida numa acolhedora delícia. Há intimidade sincera, como se abríssemos seu diário e lêssemos ali: "Amor, por que eu te chamo assim?, se com certeza você nem lembra de mim."

É por isso que tudo soa como um devaneio, e é também por isso que continuamos a entender as canções mesmo quando elas vagueiam entre o português, o francês e o inglês. Afinal, nem tudo são palavras. A maior parte é puro sentimento.

Ouço ali a minha própria infância. Coisas banais, como o circo de "Chá verde", as fantasias de "A bailarina e o astronauta", a escola de "Se enamora" e a mamãe de "Passarinho", que viu a filha bater asas e voar, cantando alegremente, para nossa felicidade.

Sweet Jardim é lindo, são sonhos bons cultivados com amor. Se pudesse, me mudaria definitivamente para lá, e viveria feliz para sempre, experimentando todos os dias a inocência e o sabor da infância. Que saudade!


Site oficial: sweetjardim.wordpress.com




Sweet jardim
(música e letra tiê, voz tiê, viola caipira, cajon e banjo: plinio profeta. participação especial: toquinho – violões)

Plantei no jardim um sonho bom. Mostrei meus espinhos pra você. Faz que desamarra o peso das botas e fica feliz. Abre o guardachuva que hoje o sol desistiu de sair. Esse perfume de alecrim trouxe de volta um sonho bom. Posso até olhar pela janela e recitar une petit chanson. Cantei pra você meus velhos tons. Perdi seu ouvido pro jornal. Eu trago a dança que me inspirou o café sem açucar e tal. Analise o fundo da xícara, a esperança é igual. E eu confesso, só me resta a vida interia. Só me resta a vida em mi maior e lá.


Dois
(música tiê, letra tiê e thiago pethit, violão de aço, rhodes e voz: tiê, violão, guitarra e rhodes: plinio profeta)



Como dois estranhos, cada um na sua estrada, nos deparamos, numa esquina, num lugar comum. E aí? Quais são seus planos? Eu até que tenho vários. Se me acompanhar, no caminho eu possso te contar. E mesmo assim, eu queria te perguntar, se você tem ai contigo alguma coisa pra me dar, se tem espaço de sobra no seu coração. Quer levar minha bagagem ou não?

E pelo visto, vou te inserir na minha paisagem e você vai me ensinar as suas verdades e se pensar, a gente já queria tudo isso desde o inicio. De dia, vou me mostrar de longe. De noite, você verá de perto. O certo e o incerto, a gente vai saber. E mesmo assim, queria te contar, que eu tenho aqui comigo alguma coisa pra te dar. Tem espaço de sobra no meu coração. Eu vou levar sua bagagem e o que mais estiver à mão.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

DUCHAMP E JUNG EM DEBATE


Etant donnés (1946-66), de Marcel Duchamp

Um artigo meu, chamado RELAÇÕES SIMBÓLICAS ENTRE ARTISTA E ESPECTADOR: UMA CONVERSA ENTRE MARCEL DUCHAMP E CARL G. JUNG, foi publicado recentemente na 11ª edição da revista Pesquisa em Debate, pertencente à Universidade São Marcos.

Trata-se de um trabalho científico, fruto das pesquisas que venho realizando nos últimos anos, mas isso não impede que os curiosos de plantão deem uma olhada. Se quiser arriscar, utilize o seguinte link:

REVISTA PESQUISA EM DEBATE Nº 11


Resumo
Marcel Duchamp afirmou que o artista não tem plena consciência do que realiza no momento da criação, que suas obras são finalizadas apenas quando o público as interpreta e que uma série de elementos subjetivos definem a diferença entre o que se quis realizar e o que foi de fato realizado. A proposta deste artigo é verificar a validade dessas informações, analisando o modo como a mente criativa do artista e a mente interpretativa do espectador se encontram na obra de arte. Em outras palavras, aqui é feita uma tentativa de compreender melhor a relação entre artista, obra e público, tal como proposto por Duchamp em 1957, por um ponto-de-vista psicológico. Para isso, foram utilizadas teorias da Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung que tratam principalmente de símbolos, inconsciente e intelecto, mostrando que toda criação humana está sempre sujeita às leis da psique. Portanto, a partir de correlações bibliográficas entre Jung e Duchamp, descobrimos que este tinha razão: através da obra, imagens inconscientes são compartilhadas, e artista e público se encontram no plano simbólico.

Palavras-chave: Arte. Autoria. Duchamp. Jung. Psicologia analítica. Teoria da arte.

terça-feira, 6 de abril de 2010



"Se me permite, Majestade, há mais indícios a examinar", disse o Coelho Branco, muito afobado, dando um pulo para a frente: "Este documento acaba de ser apreendido".
"O que há nele?", indagou a Rainha.
"Ainda não o abri", respondeu o Coelho Branco, "mas parece ser uma carta, escrita pelo prisioneiro para... para alguém."
"Disso não há dúvida", disse o Rei, "a menos que tivesse sido escrita para ninguém, o que não é comum, como sabe."
"A quem está endereçada?", inquiriu um dos jurados.
"Simplesmente não está endereçada", disse o Coelho Branco; "de fato, não há nada escrito do lado de fora." Desdobrou o papel enquanto falava, e acrescentou: "Afinal de contas, não é uma carta. É um conjunto de versos."
"Estão escritos com a letra do prisioneiro?", perguntou outro dos jurados.
"Não, não estão", diss o Coelho Branco, "e isso é o que têm de mais esquisito." (Todo o júri parecia pasmo.)
"Ele deve ter imitado a letra de outra pessoa", disse o Rei. (Todo o júri se iluminou de novo.)
"Por favor, Majestade", apelou o Valete, "não escrevi isso e não podem provar que escrevi: não há nenhuma assinatura no fim."
"Se você não assinou isso", disse o Rei, "as coisas só pioram. podia ter má intenção, ou teria assinado, como um homem de bem."
A isto se seguiram aplausos gerais: era a primeira coisa realmente sagaz que o Rei dissera aquele dia.
"Isso prova a culpa dele", disse a Rainha.

Trecho de Aventuras de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll

sábado, 3 de abril de 2010

BASTARDOS INGLÓRIOS



É fácil reconhecer a relevância de um fato histórico, basta verificar por quanto tempo se fala dele. A começar pela Guerra de Tróia, narrada por Homero na Ilíada, que aconteceu mais de mil anos antes de Cristo e ainda hoje é estudada no mundo todo. Depois, tivemos os Césares gregos, a ascensão e a queda do Império Romano, as Cruzadas, a Revolução Francesa, a Revolução Russa, a Crise de 1929 etc., só para citar alguns. Mas, sem dúvida alguma, o acontecimento mais comentado da história da humanidade é a Segunda Guerra Mundial. Filmes sobre ela ainda são produzidos aos montes, por exemplo, mesmo passadas mais de cinco décadas do término do conflito, e todos os números relacionados são assombrosos. Pois fica a pergunta: como reconhecer a relevância dessas obras?

A resposta provavelmente é o tempo que dará, assim como aconteceu com o poema de Homero. Parafraseando Marcel Duchamp, no final, é sempre a história que decide quem sobreviverá e quem desaparecerá do universo artístico. Isso não significa, é claro, que não possamos influenciar o veredicto, mantendo em pauta algumas produções realmente interessantes. É o caso do longa Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino.



Famoso por reunir diálogos inteligentes e violência banalizada, o diretor norte-americano tratou da Segunda Guerra Mundial de maneira, no mínimo, irreverente. Seu mérito fica por assumir o lado ficcional do cinema e recontar o evento de acordo com sua própria imaginação, inventando uma equipe de nove soldados americanos de origem judia que aterroriza as tropas alemãs e que, no final, mata Hitler e sua turma com rajadas de metralhadora, fogo e dinamite.



No filme de Tarantino, a guerra acaba um ano antes da data oficial, em 1944, durante a estreia de um filme-propaganda nazista num teatro parisiense que ninguém pensou em vigiar ou, melhor ainda, revistar. Todas as principais figuras do partido se reúnem inocentemente na plateia e acabam mortos de uma só vez graças à traição de um soldado alemão e à vingança atrasada de uma garota judia, naquilo que poderia ser considerado um grave erro de enredo justamente se o diretor não tivesse deixado muito claro sua falta de compromisso com a história.



Mantendo a tradição dos filmes anteriores – vide Cães de Aluguel, Pulp Fiction e Kill Bill –, os diálogos continuam afiadíssimos, já começando pelo primeiro deles, em que o antagonista compara o povo alemão à águia e o judeu ao rato, demonstrando assim por que o Holocausto não precisou de justificativa para ser aceito. Segundo ele, o desprezo pelo próximo mora dentro de nós e pode dar às caras a qualquer instante; ninguém se importará com as consequências disso, contanto que não seja envolvido e, ainda que provem a faltam de lógica, ninguém falará contra.



As "marmeladas" pop de Tarantino também marcam presença, assim como os clichês muito bem aplicados. Como exemplo, podemos citar a superioridade norte-americana, que Hollywood adora afirmar sempre que pode. No caso de Bastardos Inglórios, temos de um lado o herói alemão que venceu trezentos soldados inimigos sozinho e, de outro, o grupo de elite americano que assassina Hitler junto com trezentos e quarenta e nove companheiros. Este último número poderia ser qualquer um, mas... por que menor do que o primeiro? São os toques de gênio do diretor que vão surgindo ao longo do filme. A vingança judaica agradece.



Na cena final, quando o personagem de Brad Pitt diz com ironia: "Acho que esta é minha obra-prima", na verdade é a voz do próprio Tarantino falando de seu filme. Mais uma vez, ele mistura realidade e ficção, colocando-se dentro e fora da tela, posicionando-se como artista e crítico ao mesmo tempo. Eu discordo, não diria que Bastardos Inglórios é a sua obra-prima, mas trata-se sem dúvida de um ótimo filme. Não sei se sobreviverá ao crivo do tempo, se continuará sendo assistido pela posteridade; entretanto, neste instante, eu recomendo a todos.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

ANDES




















Pequeno em meio a tanta grandeza, tu te encantas, não há como conter a emoção, ela te invade por todos os poros, a cada inspiração, a cada olhar, a cada sopro de vento ou canto de pássaro. É o deserto para os pobres de alma, o paraíso para os de rica sensibilidade.

É ver o infinito começar seu caminho ilógico a partir dos teus pés.

Beleza imensurável. Se puderes ser parte dela – basta imaginar que tudo se realiza –, se deixares a natureza carregar teus pensamentos e te mostrar a pureza mais pura que já existiu, a pureza da vida primitiva, dos instintos, tu voarás livremente, crescerás com ela, voltarás para casa muito diferente do que sempre fostes; terás experimentado o sublime, ele te transformará e dele jamais te esquecerás.

Não esperes a montanha vir até ti.

segunda-feira, 29 de março de 2010


Floralis Generica, de Eduardo Catalano. Escultura em metal cujas pétalas se abrem e fecham conforme a hora do dia. (Plaza de las Naciones Unidas, Buenos Aires/Argentina). Foto de Eduardo de Almeida.

"Dizemos de um homem que passa na rua, que ele é mal feito. Sim, segundo nossas pobres regras; mas segundo a natureza, é outra coisa. Dizemos de uma estátua que ela se encontra nas proporções mais belas. Sim, segundo as nossas pobres regras; mas segundo a natureza?"
Denis Diderot, em Ensaios sobre a pintura

sexta-feira, 26 de março de 2010

ARTE POR ACASO


(sem título), de José Bezerra

Há quem diga que a providência divina rege o gênio artístico. Há outros, como eu, que preferem acreditar no acaso. Creio, inclusive, que este não se aplica somente às obras de arte – todo tipo de conhecimento humano é produzido, essencialmente, por acaso, e motivado talvez por alguma necessidade. Foi por acaso que Dante escreveu a Divina Comédia, que Leonardo pintou a Monalisa e que Newton compreendeu a gravidade. Um acaso muito bem premeditado, é preciso admitir, pois inúmeros fatores histórico-culturais tiveram que coincidir para possibilitar tais façanhas. Quer dizer, Dante jamais escreveria seu belo poema se tivesse vivido cinco séculos antes, principalmente porque nele trata de personalidades contemporâneas suas e, formalmente falando, deve inspiração aos antigos modelos gregos, que só então estavam sendo desenterrados da Idade das Trevas. Pois foi um grande acaso Dante nascer no lugar e na hora certos, assim como não ter morrido antes de concluir a tarefa. Talvez o universo conspire a favor, como afirmam os otimistas. Isso validaria a famosa anedota sobre Newton, segundo a qual uma maçã teria caído em sua cabeça e unido pensamentos inconclusos, possibilitando assim a formulação da Lei da Gravitação Universal. Se fôssemos creditar tudo ao destino, teríamos que admitir que ele não prevê apenas acontecimentos bons, mas também outros tão terríveis quanto o holocausto e a bomba atômica. Não, não vale a pena acreditar que todas as maldades do mundo já estejam escritas num livro sagrado – é melhor deixar tudo a cargo do acaso. Como disse o poeta e crítico de arte Ferreira Gullar no curso que atualmente ministra em São Paulo, enquanto o acaso é a bala perdida, o belo é a providência divina. Ora, criamos esta entidade porque precisamos justificar nossa existência, mas o importante mesmo é que, no final, entre acaso e necessidade, a arte vai se fazendo. Pois, segundo Gullar, "a arte existe porque a vida é pouca".

Essa questão lhe é muito mais relevante do que eu imaginava. Para ele, o acaso já é mesmo a possibilidade de haver arte, que revela todo o seu poder quando a tela em branco se coloca à frente do pintor; uma infinidade de coisas poderá ser criada ali e tudo dependerá unicamente das ideias surgidas no instante. Quando o primeiro traço for feito, as possibilidades do acaso se reduzirão enormemente; por outro lado, será esse mesmo traço que tornará a criação mais possível. Afinal, para o quadro acontecer, o pintor deve começá-lo de uma maneira ou de outra.

Compreendo o raciocínio, porém discordo de alguns pontos. Para mim, o acaso não está na probabilidade da arte acontecer, mas no acontecimento em si. A vida humana é tão complexa, depende de coincidências e realizações tão improváveis que, em certa medida, até parecem impossíveis, mas que se realizam e se apresentam ao espectador em forma de pinturas, esculturas e poesias, entre outras. O acaso é para mim esse fato consumado, que gerou algo novo. As possibilidades, prefiro chamar de caos.

Tudo isso para chegar à seguinte pergunta, que um colega de classe fez ao Gullar: nessa situação em que aparentemente qualquer coisa é válida, como diferenciar o "acaso-arte" do "acaso-não-arte"? Em outras palavras, como identificar uma obra de arte mais digna de valor, já que todas provêm do acaso?

Não me lembro da resposta, até porque já estava perdido em meus próprios devaneios, mas posso dizer que o segredo está na intenção do artista, em seu olhar crítico e inventivo que percebe algo novo naquilo que todos já olharam milhares de vezes. Não pense que é fácil. Para transformar acaso em arte, é preciso empregar-se a si mesmo na tarefa, dedicar tempo e neurônios, viver, sentir e compartilhar. Pois o acaso não produz arte sozinho, e tampouco a natureza o faz, por mais que uma pedra role montanha abaixo e adquira forma de Vênus. Tome como exemplo as esculturas do José Bezerra, que são tiradas da mata e quase não recebem interferência física do artista. À primeira vista, parecem escolhidas ao acaso, só que José faz isso com tanto conceito, tanta criatividade e sensibilidade que só dá para chamar aquilo de arte.

Na verdade, imagino que o acaso seja o único componente da criação que o artista não controla – todo o resto está em suas mãos. Dante, por exemplo, observava atentamente a sociedade de sua época e também conhecia a tradição lírica clássica quando, num belo dia, as ideias se uniram e ele decidiu escrever. Leonardo já se ocupava com milhares de problemas estéticos quando conheceu sua musa e Newton, por sua vez, já procurava uma solução quando esta caiu em sua cabeça – caso contrário, ele jamais saberia reconhecê-la.

Para criar arte a partir do acaso, é necessário estar predisposto, de olhos atentos. A famosa frase "até eu faria" não tem sentido, percebe? Portanto, quando estiver no museu e uma obra lhe parecer ter sido feita por acaso, pode acreditar que em certo sentido ela foi mesmo, porém jamais no sentido pejorativo. Às vezes, você só não está enxergando o processo que levou o artista até ela.

Acredito mesmo que o acaso rege a vida em geral. Fazer arte, porém, é uma escolha. E das mais acertadas.

domingo, 7 de fevereiro de 2010



"A minha vida a mais verdadeira é irreconhecível, extremamente interior e não tem uma só palavra que a signifique."

"Juro que este livro é feito sem palavras. É uma fotografia muda. Este livro é um silêncio. Este livro é uma pergunta."

"Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias. Mas preparado estou para sair discretamente pela saída da porta dos fundos. Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o seu desespero. E agora só quereria ter o que eu tivesse sido e não fui."

"Só eu a vejo encantadora. Só eu, seu autor, a amo. Sofro por ela."

"Se o leitor possui alguma riqueza e vida bem acomodada, sairá de si para ver como é às vezes o outro. Se é pobre, não estará me lendo porque ler-me é supérfluo para quem tem uma leve fome permanente. Faço aqui o papel de vossa válvula de escape e da vida massacrante da média burguesia."

"Pois era muito impressionável e acreditava em tudo o que existia e no que não existia também. Mas não sabia enfeitar a realidade. Para ela a realidade era demais para ser acreditada."

"Eles não sabiam como se passeia."

"Macabéa separou um monte com a mão trêmula: pela primeira vez na vida ia ter um destino."

"A vida é um soco no estômago."


Trechos selecionados de A hora da estrela, de Clarice Lispector